Agostinho José Taveira

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Agostinho José Taveira

Detalhes do registo

Informação não tratada arquivisticamente.

Nível de descrição

Fundo   Fundo

Código de referência

PT/MPTL/AJT

Tipo de título

Controlado

Título

Agostinho José Taveira

Datas de produção

1848-05-30  a  1848-05-30 

Dimensão e suporte

2 u.i.; papel

Extensões

1 Livro
1 Capilha

Entidade detentora

Município de Ponte de Lima

Produtor

Agostinho José Taveira

História administrativa/biográfica/familiar

Os estudantes, caixeiros e outros jovens do Vale do Lima, que se dirigiam ao Brasil oitocentista,traçavam percursos migratórios imaginários de ida e volta. Destes cenários emerge o mito do retorno do 'brasileiro' endinheirado. Após décadas, afastados da casa, da família e dos amigos, ávidos da reintegração social, colaboram em acções de beneficência, na criação e dinamização de espaços de sociabilidade e na fundação de instituições de solidariedade.As acções de filantropia, pela via de doações para escolas, hospitais, igrejas, misericórdias e asilos, eram o garante de uma jubilação bem integrada na terra de origem e, acima de tudo, consistiam num meio de perpetuar memórias, proporcionando um respeitável fim do ciclo de vida.É neste quadro que se insere a acção de benemerência de Agostinho José Taveira, um dos grandes benfeitores da Ribeira-Lima.Filho de Manuel José Taveira e de Antónia Cerqueira de Sousa, nasceu a 22 de Junho de 1808, na freguesia de Crasto, concelho de Ponte da Barca. Ainda menino, aprendeu a "ler, escrever e contar", habilitações imprescindíveis para garantir êxitos em terras deVera Cruz, para onde embarcou cedo.Deste jovem, filho de proprietários a quem os pais proporcionaram o embarque para o Brasil, desconhecemos a data da travessia do Atlântico, tendo, provavelmente, requerido licença no período anterior à criação dos governos civis.O refluxo ocorreu antes dos quarenta anos de idade. Regressado a Portugal, radicou-se em Ponte de Lima, concelho a que se dedicou fervorosamente e onde investiu boa parte dos seus proventos.A capacidade de integração na sociedade de acolhimento levou Agostinho José Taveira a associar-se efusivamente a várias manifestações de convívio. Preocupado com os problemas sociais, participou na vida autárquica, onde foi um actor cívico, dinâmico e de primeira linha. Dedicou-se à vida política e, na qualidade de Vereador da edilidade, teve um papel de distinção nos arranjos urbanísticos, embelezamento e iluminação pública de Ponte de Lima.Do biografado, realçam-se alguns traços filantrópicos gravados na remodelada estrutura urbanística, na toponímia e na memória dos limianos. Entre as preocupações e gestos de humanidade, destaca-se a sensibilidade para com os mais idosos, os desenraizados da família, os mais necessitados, os pobres e as viúvas, mulheres sem recursos económicos, com quem partilhou os bens.Mas, o testamento lavrado pelo punho do próprio, aos 75 anos de idade, é a fonte que melhor ilustra os gestos de benemerência deste 'brasileiro'.Agostinho José Taveira, Cavaleiro da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, foi um símbolo de respeito, de humildade e de grande sensibilidade humanística, tudo brilhantemente sintetizado na peça autógrafa, onde faz a despedida da vida terrena.O legado da maior parte da sua fortuna foi "para a fundação e dotação de uma Casa de Caridade nesta villa para recolher e sustentar os pobres velhos desvalidos" maiores de sessenta anos, que "toda a sua vida trabalharam em artes e oficios ou na agricultura" naturais do concelho de Ponte de Lima, a quem doou a casa nova do Pomar, onde haveria vinho, "hortaliças e legumes em abundância" para sustento dos idosos. Também beneficiou os fregueses de São Martinho de Crasto, paróquia onde nasceu.O desprezo por títulos de reconhecimento oficial e público e o carácter de sobriedade estão patenteados nos gestos de Agostinho José Taveira, através dos quais se revela o desprendimento dos bens materiais e um sentido de altruísmo ímpar, a favor dos 'sem eira nem beira' e, especialmente, dos 'velhos'. Assim, instituiu a Casa da Caridade de Nossa Senhora da Conceição, obra deixada para a posteridade.A generosidade não tinha dimensão.Distribuiu por todos, pelos pobres e pelos presos "nas cadeias desta villa" 5, porque se orientou por "princípios de humanidade (... ) a repartir por aqueles que têm fome (... ) e a socorrer os desvalidos da fortuna", sempre os mais necessitados. Mas, também protegeu um candidato ao sacerdócio e instituiu um prémio para estudantes, a quem deixou uma bolsa para estímulo das aprendizagens.A obra de partilha está bem patenteada e vincada no coração da Ribeira Lima, fazendo de Agostinho José Taveira um símbolo da solidariedade, simplicidade, humildade, generosidade e humanidade que engrandecem este concelho.Aqui, em Ponte de Lima, faleceu a 11 de Setembro de 1888.Henrique Rodrigues

Sistema de organização

Organizado por séries e ordenado cronologicamente dentro das mesmas.

Condições de acesso

Comunicável, sem restrições legais.

Instrumentos de pesquisa

Disponível no Sítio Web e no Portal Português de Arquivos.

Unidades de descrição relacionadas

SR - "Autos de cumprimento de legados pios" (cotas: 2.10.3.cx2-2 e 2.10.3.cx5-3);SR - "Acção comercial" (cotas: 2.6.4.cx4-6, 2.6.4.cx4-8, 2.6.4.cx4-13, 2.6.4.cx5-1 e 2.6.4.cx5-2);DC - Requerimento par a construção de jazigo no cemitério municipal (cota: 2.6.6.cx6-8 36).

Notas de publicação

Referência bibliográficaABREU, João Gomes, coord. - Figuras Limianas. Ponte de Lima: Município de Ponte de Lima, 2008. p. 286-287.