Francisco de Abreu Pereira Maia
Informação não tratada arquivisticamente.
Nível de descrição
Fundo
Código de referência
PT/MPTL/FAPM
Tipo de título
Formal
Título
Francisco de Abreu Pereira Maia
Datas de produção
1873
a
1923
Dimensão e suporte
4 u.i.; papel
Extensões
1 Outro
5 Livros
Entidade detentora
Município de Ponte de Lima
Produtor
Francisco de Abreu Pereira Maia
História administrativa/biográfica/familiar
Francisco de Abreu Pereira Maia nasceu na Casa do Arrabalde de Além da Ponte, em Arcozelo (Ponte de Lima) em 31 de Julho de 1865, filho primogénito de José de Abreu Maia, ao tempo Vice-Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima e de sua mulher D. Rosa Guilhermina Pereira da Rocha. Órfão de pai aos dez anos, foi interno no Colégio do Espírito Santo, em Braga, partindo daí para Coimbra, onde frequentou a Faculdade de Direito até concluir a sua licenciatura em 1889. Um ano antes de concluir o curso foi nomeado Sub- Delegado do Procurador Régio em Ponte de Lima e um ano depois da sua conclusão, Administrador do Concelho de Valença, onde se manteve apenas por dez meses, demitindo-se por ter sido substituído o Governo apartidário do General João Crisóstomo, por um outro, liderado pelo mesmo estadista, mas que já não era da sua confiança. Foi no decurso da sua curta permanência em Valença, que se verificou a tentativa revolucionária republicana de 31 de Janeiro, no Porto, que não teve, aliás, a dimensão real que depois se pretendeu atribuir-lhe, muito embora tenha justificado a mudança do Governo. Entre 1896 e 1898 foi Vogal efectivo da Junta das Matrizes, sendo então nomeado Presidente da Junta de Lançamento das Contribuições Gerais. Dez anos mais tarde, de 1908 a 1914, voltou a exercer funções naquela Junta de Matrizes, organismo que promoveu o registo público da descrição da propriedade e do seu valor para o lançamento das contribuições. Tendo fixado residência em Ponte de Lima, na sua Casa de Além da Ponte, o Dr. Francisco de Abreu Maia seria Vereador da Câmara em dois triénios sucessivos e em 1899 mais uma vez nomeado Sub-Delegado do Procurador Régio, cargo que exerceu durante quatro anos, até ser eleito Presidente da Câmara Municipal. Só muitos anos mais tarde, na tentativa revolucionária que ficou conhecida por "Monarquia do Norte': foi de novo chamado a exercer funções autárquicas, tendo sido nomeado Presidente da Câmara no breve período dos vinte e cinco dias em que vigorou o regime, de 19 de Janeiro a l3 de Fevereiro de 1919. Na sequência desta frustrada tentativa, o cessante Presidente e o Conde de Aurora, que fora com ele Administrador do Concelho, partiram para o exílio, aquele para a vizinha Galiza e este para a Argentina. Durante alguns anos viveu na Corufia e em Santiago de Compostela, com as dificuldades impostas pelo congelamento dos bens que integravam o património de sua casa. Conseguiu apenas alienar a antiga Quinta de Catezim, em Santa Maria de Rebordões, que lhe garantiu o sustento até ao seu regresso, já no advento do Estado Novo. Durante muitos anos, quer na Monarquia, quer na República, exerceu o lugar de primeiro substituto do Juiz de Direito da comarca de Ponte de Lima, estando em exercício por longos períodos de tempo. Foi ainda Provedor da Santa e Real Casa da Misericórdia de Ponte de Lima, em 1914 e Presidente da Direcção de vários estabelecimentos e corporações de piedade e beneficência, designadamente do Asilo de Inválidos Camões e da Ordem Terceira de S. Francisco. A mudança das instituições políticas em 1910 e, sobretudo, o golpe fatal vibrado com o fracasso da Monarquia do Norte, afastaram o Dr. Francisco de Abreu Maia da intervenção nos negócios públicos e motivaram o seu empenho crescente no mundo da cultura, sobretudo da História, das Artes e da Literatura. Em 1904 fora nomeado Vogal Cor- respondente do Conselho de Monumentos Nacionais, o que comprova a sua vastíssima cultura, atestada não apenas no que deixou escrito, mas sobretudo na rica e variada biblioteca que constituiu. Muito do seu saber, sobretudo o conhecimento profundo que tinha aa História da sua região, franqueava-o a quem o procurasse, ficando-lhe por isso o epíteto de "Enciclopédia de Ponte de Lima': Reconhecido como tal, foi em 1917 convidado para sócio efectivo do Instituto Histórico do Minho. É ele, também, um dos sete expoentes da cultura limiana que ficaram consagrados em 1922 como "Os Amigos do Rio Lima': embrião do escol que deu corpo aos Almanaques de Ponte de Lima e a muitas outras iniciativas culturais que projectaram esta região. Indolente por feitio, e não por defeito, nunca aceitou a direcção de um Almanaque de Ponte de Lima, mas colaborou activamente em quasi todos, por vezes até com participação anónima, com artigos de excepcional interesse, sobretudo de carácter biográfico, que só com as fontes documentais de que dispunha, um sentido apurado da investigação e uma natural facilidade da expressão escrita, seria possível levar a efeito. Lamentavelmente, nem todas as suas investigações foram profícuas, porque não chegaram a ser divulgadas e muitas outras constituíram os louros de quem delas se aproveitou, como aconteceu com uma grande parte da informação dos Anais de Ponte de Lima, apresentada como subsidiária dos trabalhos deixados por Miguel Roque dos Reys Lemos. O mesmo aconteceu com o seu magnífico espólio documental, que incluía o arquivo da sua Família e que acabou extraviado. De qualquer modo, merecem particular referência, pela informação coligida, os seguintes artigos: - Os primeiros estabelecimentos portugueses na China (Um limarense atrevido) - José da Costa Pimenta Jarro (Um benemérito limarense) - O Cardeal Saraiva- Dois limarenses notáveis (Bento e António Tição)- Os Argonautas- Bibliografia Limiana (I e II)- António Feijó- Convento de Val-de-Pereiras (Ponte do Lima)O Dr. Francisco de Abreu Maia faleceu solteiro na sua Casa do Arrabalde de Além da Ponte, em 17 de Junho de 1937. João Gomes d'Abreu
Fonte imediata de aquisição ou transferência
Adquirido, em 2013, ao Dr. Victor Daniel Amorim Castilho.
Sistema de organização
Organizado por séries e ordenado cronologicamente dentro das mesmas.
Condições de acesso
Comunicável, sem restrições legais.
Instrumentos de pesquisa
Disponível no Sítio Web e no Portal Português de Arquivos.
Unidades de descrição relacionadas
F: Delfim GuimarãesSR: Correspondência de Francisco Abreu Mai
Notas de publicação
Referência bibliográficaABREU, João Gomes, coord. - Figuras Limianas. Ponte de Lima: Município de Ponte de Lima, 2008. p. 286-287.