Delfim Guimarães
Informação não tratada arquivisticamente.
Nível de descrição
Fundo
Código de referência
PT/MPTL/DG
Tipo de título
Atribuído
Título
Delfim Guimarães
Datas de produção
1894
a
1933-07-09
Dimensão e suporte
Digital
Entidade detentora
Família Delfim Guimãraes
Produtor
Delfim Guimarães
História administrativa/biográfica/familiar
Delfim de Brito Guimarães nasceu na freguesia de Santo Ildefonso (Rua do Bonjardim, 184), na cidade do Porto, a 4 de agosto de 1872. Era o terceiro dos seis filhos do limiano Delfim José Monteiro Guimarães Júnior, comerciante e jornalista, natural da vila de Ponte de Lima e de sua mulher D. Maria Júlia Moreira de Brito Barreiros, natural do Porto.Casou em 24 de abril de 195, na Igreja de Paranhos, com Rosina Vieira da Cruz e teve 6 filhas.Morre de miocardite crónica em 6 de julho de 1933, na Rua 5 de Outubro, nº 25, na Amadora. Foi sepultado no cemitério de Benfica, em Lisboa. O jornalista:Após a conclusão dos estudos liceais no Porto, segue a carreira comercial com seu pai.Já em Lisboa, em 1891, entra para O Século, na qualidade de guarda-livros onde, mais tarde, viria a assumir a função de administrador. Em 1897, combinou com o proprietário José Joaquim Silva Graça criar nesse jornal uma secção de publicações e, para o efeito, convidou Paulo Martins Cabral para tomar conta dessa secção.Essa secção, cujos lucros seriam divididos por Silva Graça e Delfim Guimarães, independentemente dos lucros do Almanaque de O Século, confecionado por Delfim Guimarães, está na origem das desavenças entre ambos ocorridas em abril 1899, dado que o primeiro se negou a pagar a quantia devida (aproximadamente 5 contos de réis), que durante um ano, em vão, tentou reaver.Foi colaborador durante vários anos do luxuoso e esplêndido hebdomadário Mala da Europa, fundado por seu pai Delfim José Monteiro Guimarães, para os portugueses de além-mar. Em 1899, após o falecimento de seu pai administra e reorganiza a revista Mala da Europa, cujo primeiro número é publicado em 11 de agosto de 1898, onde terá nascido a sua futura atividade como consagrado editor. Como jornalista colaborou noutros periódicos – O Lima, Diário de Notícias, A Província, A Crónica, O Popular, Gabinete de Repórters, Branco e Negro, A Luta, A Desafronta, de S. Tomé, Diário da Noite e, ainda, na revista Limiana, no Almanaque de Ponte de Lima e no Almanaque Ilustrado de O Século. São Tomé - Casa D. Aurora de Macedo:Dados os consideráveis esforços e sacrifícios empreendidos por Delfim Guimarães para manter e tornar próspera a Casa Editora - não tendo ao longo de doze anos levantado nenhum dinheiro da sociedade - era necessário continuar a garantir o sustento da família numerosa.Desta forma, em 1904 aceita o cargo de guarda-livros, ascendendo mais tarde a administrador, na firma comercial D. Aurora de Macedo, proprietária da Roça Pinheira, grande propriedade agrícola, na Ilha de S. Tomé, e nela permaneceu até 1928, ano em que saiu por motivos de saúde. Durante esse período Delfim Guimarães foi oito vezes a S. Tomé o que em muito terá contribuído para o agravamento do seu estado de saúde.Fundação da Casa Editora: Após a saída de O Século, em março de 1899, Delfim Guimarães entra como sócio, juntamente com o seu amigo e companheiro Paulo Martins Cabral, na Empresa Literária Lisbonense de Libânio da Silva, que então lutava com dificuldades financeiras. Estava assim criada a sociedade “Guimarães, Libânio & Cª”. Situada na Rua de S. Roque, em Lisboa, foi aí que Delfim Guimarães principiou a dar largas à capacidade editorial, dignificando aquele ramo. Contudo, dada a falta de capital – que poderia ter ficado resolvido se Silva Graça tivesse pago o que devia a Delfim Guimarães – e depois de uma luta inglória para manter a casa, em 1903 a sociedade é dissolvida.Porém, Delfim Guimarães não desiste de continuar com o negócio e constitui, juntamente com Paulo Martins Cabral, uma nova sociedade - “Livraria Editora Guimarães & C.ª”, que ainda hoje existe (Guimarães Editores). Como editor, tal como refere Henrique Marques, “Delfim Guimarães pode ser considerado sem favor como dos mais probos e dos mais inteligentes”. Foi graças à sua influência e vontade que foram divulgadas entre nós traduções de obras-primas de escritores franceses, tais como Alphonse de Lamartine, Emílio Zola, Vítor Hugo, Alexandre Dumas, Honoré de Balzac, entre outros, e, ainda, a literatura russa, com as versões de Tolstói, Gorki, entre outros. Exílio em Ponte de Lima:Em junho de 1900 Delfim Guimarães regressa a Ponte de Lima e instala-se na casa da Rua do Souto, onde nasceram duas das suas filhas - Maria Delfina (1901) e Maria Silvina (1903). Aí permanecerá até 1903. Em Ponte de Lima é nomeado Administrador do Concelho, cargo que irá exercer entre 1902-1903.Ainda nesse período, acumulava o cargo de administrador do concelho com as de redator da gazeta O Lima, do qual era proprietário Joaquim dos Reys Lemos.Na tipografia da gazeta O Lima, sita na Lapa, juntavam-se a Delfim Guimarães e a Júlio de Lemos outros intelectuais limianos, tal como António Feijó.De facto, foram anos de “quase” exílio mas, apesar de tudo, cheios de convívios e atividades literárias.Apesar de nascido no Porto, sempre foi considerado filho de Ponte de Lima, à qual dedicou muito amor e devoção bem como grande parte das sua obra.Interessou-se pela história e lendas de Ponte de Lima, conforme refere Júlio de Lemos “que muitos dos indígenas, estendendo a sua simpatia ás airosas tricanas e figuras típicas do meio, algumas das quais, como o Cachapuz e o Restantes fotografa com exata observação, e sempre externou sentimentos de acendrado entusiasmo ao encarecer e exaltar o mágico cenário que o estro de Feijó sublimara em acordos divinos”. Quanto ao Rio Lima, consagrou-lhe “embaladoras endechas, que eternizam o êxtase da sua alma panteísta”. O dramaturgo:É precisamente durante a estadia em Ponte de Lima que Delfim Guimarães escreve diversas poesias, teatro e o livro de ficção O Rosquedo (escrito em 1900-1901 embora só tenha sido publicado em 1904). Nestas paragens teve a sua fase mais produtiva em relação ao teatro.Em 1901 publica Aldeia na Corte, peça em três atos, escrita em parceria com D. João da Câmara, que viria a ser representada pelos melhores atores nacionais, em 5 de junho, no Teatro D. Amélia (actual São Luís).Ainda em Novembro do mesmo ano é representada no Teatro Diogo Bernardes, por um grupo de amadores de Ponte de Lima, uma “farsa-opereta” - A República de Rebordões, musicada por J. Carlos do Valle e António do Valle, compositores de Viana do Castelo.Durante a sua permanência em Ponte de Lima elabora outras peças – Mariquinhas tecedeira e Domingos de Páscoa.Em 1902, escreve e publica na sua editora, Juramento sagrado, uma comédia num ato, em verso representada pela primeira vez no Teatro de D. Maria II, a 16 de Dezembro. No mesmo ano dá-se uma derradeira incursão no Teatro Diogo Bernardes: Mariquinhas Tecedeira, publicado em folhetim no jornal O Lima.O poeta e prosador, o crítico literário e tradutor:Tal como refere Lopes Vieira, Delfim Guimarães “trabalhava para viver, mas vivia para escrever”.Para além de poeta, Delfim Guimarães notabilizou-se como investigador, quando em 1908, publicou os livros Bernardim Ribeiro, o poeta Crisfal e Teófilo Braga e a Lenda do Crisfal. Entre as traduções efectuadas destacamos a tradução livre da obra Flores do Mal, de Charles Bauldelaire, poeta erudito francês.Em 1912 Delfim Guimarães dá início à publicação do Arquivo Literário - revista literária que conta com a colaboração de vários escritores e incluí a transcrição de livros de alguns autores notáveis.O seu principal livro de versos Alma Portuguesa, que inclui alguns poemas publicados em opúsculos, é publicado durante a Grande Guerra. Nesse período escreve ainda O Livro do Bebé, bem como diversos poemas tais como Aos soldados sem nome, Asas de Portugal, No Regresso dos Aviadores. Publica livros de poesia de outra índole, mais românticos - A Paixão de Soror Mariana ou religiosos Evangelho e, ainda, dedica um dos seu poemas à sua saudosa e muito querida Ponte de Lima - Ponte do Lima Minha Avozinha.Na Amadora, terra onde viveu e onde veio a falecer, dedicou-se, em plena época da consolidação da República, para além da sua obra literária, à defesa dos interesses comuns dos residentes. Integrou, nessa altura, a Comissão Administrativa da Escola Alexandre Herculano (criada por sua iniciativa), foi membro e dirigente da Liga dos Melhoramentos da Amadora.
Fonte imediata de aquisição ou transferência
Família de Delfim Guimarães.
Âmbito e conteúdo
Correspondência recebida por Delfim Guimarães de diversas individualidades de Ponte e Lima, enquanto diretor do "Arquivo Literário", cujo primeiro volume foi editado em Outubro-Dezembro de 1922.
Sistema de organização
Organizado por séries e ordenado cronologicamente dentro das mesmas.
Instrumentos de pesquisa
Disponível no Sítio Web e no Portal Português de Arquivos.
Existência e localização de originais
Arquivo pessoal de Delfim Guimarães na posse da família.
Notas de publicação
Referência bibliográficaABREU, João Gomes de (coord.) - Figuras Limianas. Ponte de Lima: Município de Ponte de Lima, 2008. ISBN 978-972-8846-15-2. p. 310-313.
Referência bibliográficaGUIMARÃES, Delfim (dir.) - Arquivo literário. Lisboa : Livraria Editora Guimarães & Cª, 1922-1928.